terça-feira, 23 de outubro de 2012

VIAGEM INSÓLITA 3

Para quem leu viagem insólita 2 e continuação pôde acompanhar toda aventura que foi meu réveillon na praia de Pipa/RN. 
Um ano se passou e chegamos as festas de final do ano de 2000 para 2001. Qualquer lugar, menos Pipa/RN.  Eu dizia quando me perguntavam para viajaríamos. O tempo foi passando, dia trinta e um se aproximando e sem saber qual seria nosso destino até que no dia trinta a noite Tadzio liga dizendo que tinha comprado passagem para viajarmos às nove da manhã da vésper de réveillon para Jericoacoara/Ce. Uma pergunta foi inevitável:
- Ficaremos aonde? 
- Chegando lá daremos um jeito. Respondeu ele.
Como dia dois já era dia útil iríamos apenas passar a virada do ano e voltar...E como não tínhamos loca para ficar, nem bagagem levei. Foi apenas a roupa do corpo e um short e uma sunga sob a calça. 
Assim, como combinados lá estávamos nós, ventureiros, rumo ao desconhecido. Jeri é uma das praias mais belas do Ceará. Conhecida mundialmente como um oásis no Nordeste. Distante cerca de 380 km da capital, chegamos em Jijoca de Jericoacoara (não sei se escreve Gijoca ou Jijoca pois na cidade estava escrito com G enquanto que no ônibus com J). Jeri é um paraíso cercado por dunas. Seu acesso é feito apenas com veículos 4 x 4. 
Após descer do ônibus fomos acomodados aos poucos numa jardineira (caminhão com tração nas quatro rodas adaptado para transportar passageiros). Confesso que algumas vezes dava vontade de ir a pé, para ver se era mais rápido. Eramos um único ponto preto naquele branco...Após cerca de meia hora balançando sobre a carroceria do caminhão chegamos na tão conhecida Jericoacoara. Diferente de tudo que já tinha visto...pequenas ruas em areia...uma verdadeira vila. Como tínhamos apenas passagem de ida nossa primeira atitude foi comprar passagem de volta. Rsrsrs Só eu mesmo para achar que as dezessete horas do dia trinta e um acharia passagem para o dia primeiro. Só tinha passagem para dia quatro. Pense! Uma excelente notícia para quem estava numa cidade atendida por uma única empresa de ônibus e no dia dois teríamos que esta trabalhando. Estávamos num grupo de oito pessoas. 
Quatro iriam trabalhar outros quatro não. Então, ficamos metade preocupados e outra metade não...Saímos vagando pela cidade em busca de um local onde poderíamos descansar um pouco. Após um tempo encontramos uma barraca um pouco afastada onde poderíamos descansar um pouco. Tempo foi passando e a dúvida de como ir embora ainda pairava na minha cabeça...Até que chega a meia noite. 
Em Jeri o ponto de encontro é a duna pôr do sol. Carros ficam na sua base com faróis acessos e todos sobrem para brindar do alto a chegada de mais um ano. Verdade que nem todos conseguem subir...muitos bebins ficam "comemorando" pela metade do caminho. Uma visão ímpar...em cima da duna sob o brilha da lua. Após abraços, citações de palavras de prosperidade todos descem e vão dar mergulho no mar dando boas vindas ao ano novo. Já estávamos em janeiro e como ir embora ainda nos afligia. Quando o dia já amanhecia fomos conseguimos fretar uma D20 que nos levaria até a cidade de Cruz, pois lá seria mais fácil conseguir uma passagem para Fortaleza. 
Preço acertado, ficamos na pousada Recanto do Barão onde fomos tomar café e aguardar horário do seguir viagem. As oito, seguimos naquela maior das aventuras vividas até então. O caminho até Cruz era feito por ruas de chão batido e beira da praia. Logo após sairmos  percebemos que pneu traseiro esquerdo estava furado e estava sem step. Na cidade onde paramos para concertar pneu estava faltando energia. Qual solução? Encher o pneu o máximo possível para tentar chegar até Cruz. Assim foi feito...Com um olho na estrada e outro no pneu lá íamos nós por cerca de 120 km na estrada de terra...Gosto de aventura, mas sério mesmo, tinha hora que pensava que o carro não caberia em algumas entradas...Silêncio reinava. Até que vinte minutos depois chegamos em Cruz. Pense num alívio! Corremos para posto de venda de passagem e tinha apenas sete passagens sentados, estávamos em oito. Um teria que viajar em pé. Ruim, mas era única alternativa. Horário da viagem? Duas da tarde e ainda ia dar nove horas...Ou seja, teríamos cinco horas INTEIRA para conhecer a cidade. Rrsrsrs. Dez minutos depois fizemos um tour completo. Uma praça, uma igreja católica e uma da Universal...Acabou a cidade. Sério mesmo! Tudo fechado. Andamos um pouco e vimos um bar aberto que tinha uma mesa de sinuca. Mas não tinha ninguém. Entramos e ficamos aguardando o dono. Toda pessoa que passava na rua perguntávamos se conhecia o proprietário e diziam que iam chamar...Até que quase uma hora depois, quando alguns já dormiam na rede armada ou sobre a própria mesa de sinuca o cara apareceu...compramos umas vinte fichas...gosto de jogar, mas já tava um saco. Quando terminamos precisaríamos resolver um outro problema, onde almoçar? Sim, almoçar. Pois estava tudo fechado. Até que próximo a parada do ônibus uma senhora estava sentada numa sombra na entrada de sua casa e perguntamos se faria almoço pra nós. Como oferecemos R$ 5.00 por cada prato ela nos acolheu...Alguns sentavam a mesa, outros sofás e até na rede. O tempo foi passando até que chegou a hora de embarcar e decidir quem iria em pé pelas seis horas de viagem. Mas uma passageira queria embarcar com o cachorro, não foi permitido então ela desistiu e fomos todos sentados. Pois é...um pouco de descanso depois de vinte e quatro horas de viagem. 
Ás vinte e uma horas desembarcamos em frente ao terminal do Antônio Bezerra...Enfim, relaxar...assim pensei. Pois é...a fila para entrar no terminal estava chegando na Av. Mister Hull, uns duzentos metros de comprimento...Isso só para entrar, fora a que me esperava para entrar no ônibus...

Viajar é ótimo!!!!!!!!

Sim, é possível!

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