domingo, 11 de novembro de 2012

VIAGEM INSÓLITA DOS PATINHOS DE BORRACHA


Quando a empresa americana de produtos infantis The First Years decidiu fabricar patos, sapos, castores e tartarugas de borracha, acreditava que eles mergulhariam apenas nas banheiras dos lares de famílias com crianças. Mas os brinquedos acabaram em uma odisseia. Ela começou em 1992, durante o transporte de Hong Kong para os Estados Unidos. O contêiner que abrigava os brinquedos, batizados de Friendly Flotees, caiu no Oceano Pacífico, deixando à deriva 28.800 animais de borracha colorida. Desde então, eles percorreram 80.000 quilômetros em alto-mar. E continuam até hoje sua jornada náutica. A história inspirou o livro Moby Duck (trocadilho do clássico Moby Dick com o termo “duck”, pato na tradução do inglês), do americano Donovan Hohn. O trabalho, lançado no mês passado, faz o mais completo levantamento da história dos patinhos de borracha que percorreram mais léguas que Cristóvão Colombo. 
Curtis Ebbesmeyer / AP
ACHOU Curtis Ebbesmeyer, com patinhos encontrados nas praias
O incidente poderia ser apenas mais um exemplo de poluição no mar. Todos os anos cerca de 10 mil cargas levadas por navios caem no oceano, espalhando substâncias tóxicas no mar. E peças de plástico e borracha que matam golfinhos, baleias e tartarugas engasgados. Mas não foi a poluição que chamou a atenção dos cientistas. “Comecei a receber relatos de castores, sapos, tartarugas e patos de borracha encontrados nas praias do Alasca e queria saber o que esses objetos poderiam me contar”, afirma Curtis Ebbesmeyer, oceanógrafo americano que comanda há 16 anos uma rede internacional de colecionadores de objetos encontrados nas praias. Intrigado pelos Friendly Flotees, Ebbesmeyer passou a seguir o deslocamento dos brinquedos com programas de computador e escreveu diversos estudos e um livro sobre o assunto.

O que torna a jornada dos brinquedos importante para a ciência é o local onde caíram no mar. Na região, as correntes marítimas fazem um ciclo completo entre a costa da América e a Ásia, o Giro Subártico. Embora o giro fosse conhecido, ninguém sabia quanto tempo um objeto flutuante levaria para completá-lo. Hoje, graças aos patinhos de borracha, sabemos: três anos. Os brinquedos já fizeram a viagem oito vezes. A maior parte deles continua unida, embora alguns tenham se desgarrado para outras correntes marítimas (leia o mapa no infográfico). Alguns animais continuam a aparecer na areia de tempos em tempos, para a alegria dos colecionadores. A The First Years oferece US$ 100 em crédito por animal encontrado. “Demos até um certificado para as primeiras 250 pessoas que enviaram os brinquedos”, diz Lynne Mello, diretora de marketing da empresa.
Agora, 19 anos depois do extravio do contêiner, os patinhos flutuantes fascinam mais pela jornada que percorrem do que pela capacidade de fornecer informações novas sobre o oceano. Com o avanço da tecnologia, os centros de pesquisa estudam as correntes marítimas por meio de boias rastreadas por satélites. “O uso de objetos simples, como os patos, não fornece dados muito precisos”, afirma Joseph Harari, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). Se os Friendly Flotees não dispõem de diferenciais tecnológicos, surpreendem pela durabilidade.

Os 28.800 bichos de borracha já viajaram mais 
que Cristóvão Colombo. E a aventura continua...
Enquanto as boias usadas pelos pesquisadores duram de três a seis anos, castores, patos, sapos e tartarugas continuam a flutuar após quase duas décadas. “Já estudei um carregamento de tênis da Nike, mas o solado e os tecidos se desintegraram e não consegui segui-los por mais que alguns anos”, diz Ebbesmeyer. “Os patos são tão duráveis que eu poderei segui-los por mais 20 ou 30 anos, provavelmente.” Para comprovar sua tese, ele cavou buracos em alguns brinquedos coletados – e eles continuaram a flutuar. Os patinhos, afinal, foram feitos para resistir a algo muito mais feroz que tubarões, correntes ou intempéries: crianças.

A empresa esta dando 100 dólares para cada patinho que for encontrado....Não custa nada olhar para o mar.
Sim, é possível!

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI221296-15224,00.html

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